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domingo, 24 de novembro de 2013

No verão

Por um momento, Maria não soubera onde estava, onde esteve. Acorda meio desorientada, despida e estranhamente feliz. O sol não pudera ser mais lindo do que estava por ser do outro lado da janela nesta manhã. A sensação em sua pele era de algo entre o algodão e o paraíso. No chão, havia um tapete muito confortável de ser pisado. Ao menos foi isso que ela pensou quando deitou-se com a barriga para baixo, de maneira a fitar o chão. Percebeu um par de chinelos 41 no lado da cama. Reconheceu o seu chinelo também, apenas um pé, pois o outro muito provavelmente estava perdido por debaixo dela. Ela percebe barulho de água que vinha de trás de uma porta. Podia ouvir também o cantarolar de uma voz familiar. Ela permanece deitada, apenas por esperar que algo aconteça, ou apenas a aproveitar o descanso enquanto nada acontecia. Um homem abre a porta, enrolado em uma toalha branca. Maria pensa em gritar, fugir, sair correndo, mas os olhos do homem eram mais familiares do que tudo que já vira, mais familiares que o balançar das árvores pelo vento na rua. Ele deu um beijo rápido em seus lábios, largou a toalha em cima da poltrona, vestiu-se com uma cueca qualquer. Não parecia estar muito preocupado com a presença de Maria a perseguir-lhe com os olhos estalados e imóveis. Ele dirige seus olhos lindos, cor de luz, ao rosto de Maria:
-É, eu sei, também não acredito que estamos aqui. Melhor que nos nossos mais lúdicos sonhos, com essa minha linda mulher, por toda essa sua morenice! - ele passa seu dedo indicador pelo lado do corpo de Maria, dando ao lençol, a forma da silhueta do corpo dela.
Maria tenta falar algo, mas sua voz não sai. Vê uma foto dela com aquele homem na parede. Vê uma foto dele espremendo laranjas, com uma montanha de bagaços ao lado, e ele com laranja por todos os pedaços do seu corpo, dando risada. Ela sorri. Ele complementa também sorrindo:
-Logo faço mais suco para você! Mas nada de guerras desta vez!
Ele chega próximo ao rosto de Maria. Ela olha dentro, além dos olhos dele, e sabe que não precisa saber nada além do que está a ver agora. Ele a ama.