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sexta-feira, 25 de maio de 2012

Depois de ontem :/

Dentro do ônibus, na volta do trabalho, tento pegar a essência de cada rosto.
Poucos consigo ver com riqueza de detalhes.
Muitos dormem sentados, ou de pé, que seja.
Alguns olham para o rosto dos outros pelo reflexo do vidro do ônibus, como se ninguém estivesse percebendo.
Mas uma das pessoas foi especial. Muito especial.
Uma garota de uns 6 anos no máximo, pele morena, cabelo castanho, usando chiquinhas, bolero cor-de-rosa, sainha jeans, meia-calça branca.
Era eu há uns quinze anos atrás.
O mais bonito era a situação de aconchego e proteção em meio ao ônibus lotado.
A garotinha dormia.
Sua mãe a abraçava e apoiava a cabeça na cabeça da filha, de olhos fechados.
O senhor de verde, estava de pé e de costas para mim, o que possibilitava ele de se utilizar da técnica do reflexo do vidro para permanecer me olhando.
Ele percebeu minha lágrima.
Acredito que só ele.
E a solidão, a falta de afago, a saudade de minha mãe, fez mais uma gota rolar.
Pensei em ligar.
Despensei.
O bom é que lembrei do amor da minha mãe.
Espero que ela também lembre que me ama...
ou não mais.