Total de visualizações de página

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Liberdade, Igualdade e Humanidade? Fala sério!



Aos cuidados do
Querido Governador

Porto Alegre,
Neste Estado

Solicito, por meio deste, que alteres o lema da bandeira deste Estado, com a justificativa de não vivermos em Liberdade, Igualdade e Humanidade.

Notemos que nossa Liberdade não mais existe. Enjaula-mo-nos em nossas casas para precaver ações externas misteriosas. Ao mesmo tempo que blindamos nossos carros, blindamos nossa cognição social.

Notemos que Igualdade não é a saída. Precisamos sair da hipocrisia, assumir que os diferentes existem e precisamos tratá-los de forma diferenciada, e não com indiferença disfarçada de igualdade.

Notemos que a Humanidade já se foi. Os frutos de uma sociedade doente são jogados como presidiários nas Fundações de Atendimento Sócio-Educativo, tornando-os presidiários. E o sistema carcerário, tornando os presidiários em monstros. A dignidade não paira nesses templos desumanos. A humanidade não paira em salários medíocres, em falta de saneamento básico, em falta de educação.

Certa de sua atenção, aguardo a correção do brasão estadual para um lema um pouco mais próximo do real.

Atenciosamente,

Kaoni Kenne

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Diário de Expedição I - Anka



Entre as ilhas Normanby e Sudest, estas pertencentes a província de Milne Bay, Papua-Nova Guiné, haviam ilhas ainda pouco exploradas por civilizações conhecidas. Antigos, contam histórias de assombração e barcos que voltavam sem a tripulação. Nada disso comprovado.

A Universidade de Queensland, com seu campus principal localizado na cidade de Brisbane, Austrália, precisava expandir sua pós-graduação em Oceanologia. Após anos de estudos, decide solicitar de maneira formal ao governo de Papua-Nova Guiné uma sociedade benéfica para ambos países: quarenta anos de pesquisas em suas ilhas pouco exploradas, em troca de um campus e parcerias de incentivo na graduação e pós-graduação. Diante desta oferta e da situação atual de analfabetismo do país, o primeiro minstro de Papua-Nova Guiné, Senhor Kabulk Lewis, aceita o acordo.

Esta é a primeira expedição vinda da Austrália para iniciar as pesquisas pelas quais tanto esperei, chegamos hoje, 21 de janeiro de 2025.

A comunicação com os locais era bem conturbada, diante de seus mais de 800 idiomas. Um americano que fora para Milne Bay ainda jovem, foi nossa salvação, digo, nosso guia, nesta primeira expedição de reconhecimento de área.

O primeiro lugar onde Lucke nos levou foi para uma praia. Nunca tinha visto um lugar tão belo e intocado. A extensão de areia era pequena, certamente não viria aqui para tomar um sol como objetivo principal, ainda mais com todos aqueles corais aos olhos. A água era de uma transparência sem igual. Pequenas piscinas naturais tínhamos aos montes. Por mim, estacionávamos nossos materiais ali mesmo. Poderia debruçar-me sobre esta praia e namorar seu Pacífico por anos.

Mas com toda certeza Lucke levou-nos até lá por primeiro para não nos chocar diante da realidade do país. Mostrou-nos um vilarejo nativo. Explicou que mais de 80% dos habitantes do país não vivem nos centros urbanos. As crianças olhavam para gente como se fôssemos um novo gadget pedindo para ser explorado, embora eu acredite que até saneamento básico seja uma novidade por aqui. Os adultos não nos viam. Talvez estivessem ocupados tentando entender seus idiomas extremos. Talvez existisse alguma regra, conduta ou misticismo que não os permitisse olhar nos nossos olhos sem... Estou divagando. Não os conheço. O que tive por hoje foram esteriótipos, e mesmo não gostando de classificar pessoas assim, é inevitável o meu choque. Eles aparentam ser tão primitivos. Homens e mulheres semi-nús, pintados, com colares de caroço de frutas e penas de cores vibrantes. Pobres pássaros!

Lucke nos trouxe para uma pousada, onde as pessoas usam roupas e falam inglês. Eu precisava de um banho e uma cama. Ou melhor, precisava do Pacífico em meus pés e corais em meus olhos. Não vejo a hora de pegarmos nosso barco amanhã.

Palavras

O silêncio de uma palavra
Produz desde o beijo
Até a morte.

Seja forte.