Levava minha vida sossegado, fazendo faculdade de engenharia, trabalhando em uma empresa de energia solar. Finais de semana sempre estava com meus amigos em alguma festa e sempre acompanhado de uma bela mulher. Nunca de fato me permiti envolver verdadeiramente com uma pessoa depois do meu primeiro e último relacionamento. Conheci uma mulher em uma dessas festas, chamava-se ela, Catarina.
De início não éramos de conversar muito, nos falávamos só quando estava todo mundo junto. Aconteceu de sair a mesma turma com frequência e assim fui me aproximando dela, conhecendo-a melhor, me encantando com essa beleza ímpar... só dela. Não me refiro só a beleza física, mas sim, da beleza interior. Tinha uns olhos que me encantavam da mesma maneira que o som da flauta de um encantador encanta a serpente, um sorriso que qualquer homem ao redor pararia só para olhar, um tom de voz que minha alma escutava como música e ficava a dançar, a cantarolar. Engraçado, às vezes me pego pensando nela, desejando-a. Não um desejo malicioso, é um desejo pelo seu ser, fome de suas palavras, mesmo que não diretamente para mim. Estar ao seu lado me proporciona um turbilhão de sentimentos. De paz, de calma, de euforia e um queimor na boca do estômago como se eu estivesse na beirada de um grande e alto edifício. Fico a imaginar quão grande seria nosso romance, daqueles que só se vê em filmes e novelas. O casal apaixonado correndo pela chuva, beijos sedentos, cartas e mais cartas de declarações de amor. Ela fez a escuridão que habitava dentro de mim, ser substituída por luz. O coração de Catarina já tem dono. Será esse mais um amor impossível? Daqueles que não se pode gritar para o mundo?
Bom, me resta sonhar, desejar e ama-lá por aqui, mesmo que em silêncio.