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terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Quem não tem cão, caça com gato

E mais um dia começa.
Acorda às 5 da manhã.
Toma um banho.
Veste a roupa que já estava escolhida sobre o sofá.
Dá um beijo na esposa.
Espia o sono das crianças.
Pega a mochila.
Compra um ticket para o metrô.
Metrô lotado.
Empurra daqui.
Empurra de lá.
Desce na estação do Mercado.
Pega o ônibus.
Ônibus lotado.
Empurra daqui.
Empurra de lá.
Desce 15 minutos depois.
Pega outro ônibus.
Ônibus lotado.
Empurra daqui.
Empurra de lá.
Desce no Mercado.
Compra um ticket para o metrô.
Metrô lotado.
Empurra daqui.
Empurra de lá.
Volta pra casa.
Agora são a recém 8 e 30 da manhã.
Porém, já fez o dinheiro do dia: 15 carteiras, 7 celulares e 2 anéis.
E amanhã, mais um dia começa, só que em novo turno, em outra rota.

Sólido

Tudo que parece sólido, ainda tem muito que sedimentar.
Tudo que sedimenta, muda a superfície.
Quando muda a superfície, enxergamos de outra maneira.

Não inimiga. Apenas não mais tão amiga.
Já a outra, de não mais tão amiga, pra amiga-irmã.

A vida chega a ser ridícula.
Sempre que temos certeza de alguma coisa, ela não exita e trata de provar que estamos errados. Talvez seja esse meu medo. Talvez seja essa a razão para eu não querer mais aceitar pensar em algo sólido.

2pi

De sensualidade hipotenusal
De sutileza tangencial
De lágrimas secantes
De mudanças no sono: suno, sino, sano, seno
Soluçando um raio de raio um
Disponibilizando todos os ângulos
Tricotando todas as relações...
És tu!
Meu,
todo meu,
todo nosso,
círculo trigonométrico!

Nem vou ler, é muito grande!

Não sei por qual motivo ainda me surpreendo com a falta de iniciativa política dos jovens.
Não falo da política eleitoral partidária, mesquinha, corrupta e necessária.
Falo da política em sua forma mais sublime de brutalidade. Aquela do berço, do convívio com o vizinho, com a família. Aquela natural, a qual executamos sem nem prestarmos atenção.

Quando se fala em política logo se ouve a frase "Eu não gosto disso, nem me meto!".
Ela vem como uma flecha, lançada por um índio suicida e com muito boa pontaria, procurando entrar na minha mente. Por um infinitésimo ela desvia do alvo. Salva por um infinitésimo.

Ainda me pergunto quem está certo. Mesmo que não por razão, e sim, por maioria de votos, a política "correta" é a auto-beneficente.
Todos agem procurando a promoção individual, que acabam esquecendo o único objetivo da política que respiramos: o bem comum.

Na vida tudo passa. Até a nossa vida passa. E depois?
Os auto-privilegiantes serão esquecidos juntos com seus legados pobres. Afinal, passaram na vida por passar. Aproveitaram cada oportunidade para jogar conversa fora, à sombra de uma árvore vistosa, regada a crenças ridículas e não seguidas. Viveram mergulhados em paredes ocas, com mais conteúdo colaborativo universal que eles mesmos, pois até as paredes faziam algo diferente de que olhar o próprio umbigo. Paredes politizadas. Já eles, politiqueiros!

É tão fácil fazer o bem, sem olhar a quem.
É tão melhor fazer o bem, sem olhar a quem.

Só peço que antes de reclamarem da Presidente da República, antes de reclamarem do governador do seu estado, antes de reclamarem do reitor da sua universidade, antes de tudo isso, MEXAM-SE.
Seria perfeito, mas, ainda, nada se faz com o poder da mente. A mente é apenas o início.
Portanto use toda sua potência pensante em prol da política verdadeira, da política de diretórios acadêmicos, de associações de moradores, a política sem fins lucrativos, a belíssima política que deixa algo diferente de zero.

O tempo da falácia

O tempo muda muitas coisas.
Muda a concepção de mundo, infinito, limites.
Muda conceitos, preconceitos, respeitos.
Muda momentos alegres para tristes.
Muda o formato do corpo, dos peitos.

Ninguém é para todo sempre gatinho
Ou inocente.
Aquele quer ficar muito tempo no ninho,
Este, quer prá já ser independente.

Vem de tempo a tempestade
Conturbada entre o ponteiro do relógio na parede.
E a mente que pensa, já vai tarde.
Perdeu-se com a língua entre os dentes.

Cara, te liga!

Por que desligas o telefone na minha cara,
se sempre responde a todas as minhas mensagens?
Por que me queres
e me detonas junto aos farelos das toalhas de mesa de cozinha após o café da manhã?
Por que mudastes o jeitinho meigo,
pontual
e tímido das primeiras semanas?
Por que me fazes gato?
Sapato?
Chinelo?
Tapete?


Saibas que nada do que fizerdes mudará minha amplitude,
meu delay,
minha mágoa,
minha ironia.


És tão ambíguo!
Doce sereno.
Salgado estalado.
És meu número primo preferido, meu querido.


És meu querido!


Previsivelmente imprevisível.
Periodicamente cauteloso-irresponsável.
Desordenadamente metódico.


Não descobri se és hiperbólico...
Não desvendei teu imaginário...
Não quero jamais possuirdes.


...Quero apenas acompanhardes.


Casa comigo?