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sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Essa talvez não seja uma história de amor

Levava minha vida sossegado, fazendo faculdade de engenharia, trabalhando em uma empresa de energia solar. Finais de semana sempre estava com meus amigos em alguma festa e sempre acompanhado de uma bela mulher. Nunca de fato me permiti envolver verdadeiramente com uma pessoa depois do meu primeiro e último relacionamento. Conheci uma mulher em uma dessas festas, chamava-se ela, Catarina.

De início não éramos de conversar muito, nos falávamos só quando estava todo mundo junto. Aconteceu de sair a mesma turma com frequência e assim fui me aproximando dela,  conhecendo-a melhor, me encantando com essa beleza ímpar... só dela. Não me refiro só a beleza física, mas sim, da beleza interior. Tinha uns olhos que me encantavam da mesma maneira que o som da flauta de um encantador encanta a serpente, um sorriso que qualquer homem ao redor pararia só para olhar, um tom de voz que minha alma escutava como música e ficava a dançar, a cantarolar. Engraçado, às vezes me pego pensando nela, desejando-a. Não um desejo malicioso, é um desejo pelo seu ser, fome de suas palavras, mesmo que não diretamente para mim. Estar ao seu lado me proporciona um turbilhão de sentimentos. De paz, de calma, de euforia e um queimor na boca do estômago como se eu estivesse na beirada de um grande e alto edifício. Fico a imaginar quão grande seria nosso romance, daqueles que só se vê em filmes e novelas. O casal apaixonado correndo pela chuva, beijos sedentos, cartas e mais cartas de declarações de amor. Ela fez a escuridão que habitava dentro de mim, ser substituída por luz. O coração de Catarina já tem dono. Será esse mais um amor impossível? Daqueles que não se pode gritar para o mundo?
Bom, me resta sonhar, desejar e ama-lá por aqui, mesmo que em silêncio.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Lançados à sorte (ou azar)



Numa mistura de não poder com desejar, ele a procura.
Não é uma Fuga! - afirma ele.
Não, realmente não é.
Chama-se sintonia.
Os mais experientes chamariam plenitude.
O mais juvenis, safadeza.
Dê você o nome que quiser.

Ela havia dado a ele, num dia qualquer perto do fim de um ano qualquer, uma oportunidade qualquer de criar um bocado de vida com ela. Ela não sabia. Nem ele. Se naquele momento, naquele bar, ele a tivesse tomado por um beijo e tivesse dito uma de suas frases previsíveis e poéticas ao pé do ouvido dela, como agradecer o calor de seus lábios, ela apostaria nele. Apostaria um beijo que ele a roubaria mais um, e mais outro. Ela largaria das histórias que estava vivendo, pois veria como ilusão do momento, e seria ao lado dele, com ele, como um rio em época de cheia. O calor do encontro dos lábios desses dois provocaria tempestade no sertão. O calor deles aqueceria tudo que os cercam. O corpo. O coração. A alma. Os indesejáveis invernos seriam férias de verão dentro daquele quarto. As festas e o gênero musical diferente entre os dois, geraria novas visões e novos conflitos, pois ambos adoram contravir e convencer. Talvez, pelo tamanho do ego deles. Ele fala disso, do ego, de maneira escrachada. Ela, ainda tenta admitir que o tem. No fundo, mesmo sendo diferentes, eles se completam por gostarem de ser um pelo outro. Doar-se com reciprocidade. Eles se encotraram.

Enquanto ela contava para ele sobre o cara que tivera conhecido na semana passada, numa festa estranha, ele continuava a olhá-la, sem ter reação alguma. Eles não tinham nada, só se conheciam há algum tempo, ele não pudera saber o que ele provocava nela, nem ela nele. Dois bobos. Enfim, ele a ouviu em silêncio e perdeu, como já disse antes, a oportunidade de fazer as coisas diferentes.

Os dados foram lançados à sorte (ou azar). Um homem de camiseta vermelha fumou seu último cigarro antes do término do intervalo. O mendigo estranho que habitava aquela rua continuou NÃO aceitando a comida que lhe ofereciam. O cachorro continuou seguindo o mendigo. Os buracos das ruas permaneciam nos mesmos lugares. Os olhos dele, olhos luzeiros, continuavam lá, sentados, calados, escutando sobre um cara qualquer que não era ele, numa festa qualquer que ele não estava. Ela daria um dente para saber o que se passava na cabeça dele enquanto ela falava sem parar. Daria um dente pois o olho de sua cara é míope e não vale tanto quanto sua curiosidade. Eu também não sei o que ele pensou, juro que quando souber, conto aqui para vocês.

Bem, eles se foram por caminhos próximos, mas não próximos o suficiente.

Ela casou com o cara da festa. Ele casou com uma garota com o gosto musical parecido com o dele, que não tinha muito amor próprio, pois todo amor que coubera nela, depositara nele.

Algum dia vou ter saco para contar com detalhes a vida dessa "garota sem amor próprio" depois que casou com esse cara. Não hoje, pois isso precisaria de muita vodka. Na verdade, meu copo está vazio e vou ter que ir enchê-lo. Por enquanto, o que posso adiantar é que a vida tratou de deixar os personagens principais desta história próximos de novo e dessa vez, próximos o suficiente.

Magro?