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terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

O Menestrel



Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença entre dar a mão e acorrentar 
uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se. E que companhia nem sempre significa segurança. Começa a aprender que beijos não são contratos e que presentes não são promessas.

Começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.

Aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.

Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo.

E aprende que, não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam… E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso. Aprende que falar pode aliviar dores emocionais.

Descobre que se leva anos para construir confiança e apenas segundos para destruí-la…

E que você pode fazer coisas em um instante das quais se arrependerá pelo resto da vida. Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias.
E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida.

E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher.

Aprende que não temos de mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam…

Percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos. Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa… por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas; pode ser a última vez que as vejamos. Aprende que as circunstâncias e os ambientes têm influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos. Começa a aprender que não se deve comparar com os outros, mas com o melhor que pode ser.

Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto.

Aprende que não importa onde já chegou, mas para onde está indo… mas, se você não sabe para onde está indo, qualquer caminho serve.

Aprende que, ou você controla seus atos, ou eles o controlarão… e que ser flexível não significa ser fraco, ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem, pelo menos, dois lados. Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências. Aprende que paciência requer muita prática.

Descobre que algumas vezes a pessoa que você espera que o chute quando você cai é uma das poucas que o ajudam a levantar-se. Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas do que com quantos aniversários você celebrou. Aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha.

Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens…

Poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.

Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel. Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame não significa que esse alguém não o ama com tudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso.

Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém…

Algumas vezes você tem de aprender a perdoar a si mesmo.
Aprende que com a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado.

Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte. Aprende que o tempo não é algo que possa voltar.

Portanto, plante seu jardim e decore sua alma, em vez de esperar que alguém lhe traga flores.

E você aprende que realmente pode suportar… que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida! Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar se não fosse o medo de tentar.

 William Shakespeare



quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Insano e Diário

Só te digo uma coisa, não adianta comigo gritar.
Quando eu fecho a porta, acendo a luz, ligo meu note ou pego um livro, eu mergulho.
Não interrompa meu refúgio alaranjado, antiorganizacional e utópico.
Aqui o pronome possessivo obliquo meu e suas variações tomam posse:
Minhas poucas meias,
meu vento,
minha tomada,
meus papéis inúteis,
minha poeira,
meu velho all star,
minha lapiseira 0.5 sem grafite,
meu joelho machucado,
minha individualidade.
Um misto de Nárnia e Pasárgada, espremidos em alguns poucos metros cúbicos.
É o que me resta.
É o que me sobra.
É o que me transborda as gavetas do roupeiro e da vida.
Meu habitat insano e diário.
Meu quarto.

Filtro Solar

Por medo de perder.

Por medo de encontrar.
Por medo de tentar ser feliz.



Querendo ou não, a instabilidade faz a vida respirável.

Quão torpe seria sabermos tudo o que está para acontecer.

 A previsibilidade nega o sorriso no fim da piada.



Às vezes, por antecipação, nos deparamos com barreiras dentro de nossos próprios reinos mentais. Barreiras cheias de crendices populares ou adaptações exageradas de erros passados, que nos fazem crer que "quando a esmola é demais, o santo desconfia", ou que se alguém algum dia nos deixou triste, não tardará o dia de outro alguém chegar e nos deixar mais triste, ou ainda, que se algo não deu certo é porque não era para ser.



Teorias mil de explicações pessimistas confortantes inflam nossas mentes de fracasso. A filosofia japonesa diz que a vida não passa de projeção da mente. O que sua mente pode projetar neste momento?



Atrevo-me a dizer que o filósofo errou na sentença "penso, logo existo".

Ele deveria ter dito "acredito em mim, logo existo".

Feliz daquele que crê.



Quem foi que acreditou no valor do dinheiro?

O papel que faz a cédula de 2 reais também faz a de 100.

Qual a diferença? Até a cor é parecida!



Simples. Você acredita que vale mais.


Acredite no obstáculo e ele existirá.
Acredite na vitória e ela chegará.
Em qual delas vale a pena acreditar?

Chega de auto-sabotar a oportunidade pelo medo.
Chega de disfarçar o derrota pelo destino.

Permita-se.

E como diz o Bial, até no filtro solar, acredite.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Parei de Fumar


-Eu não te amo! Desculpe por tudo... Por ter tentado e não ter conseguido! Por ter vivido momentos intensos e perfeitos contigo! Tentei! Mas no fim só o que fiz foi me enganar... No fim, te enganar!

-Eu realmente queria te entender, - disse ele, com a voz trêmula - mas não consigo... Tu aprendeu a mentir pra mim! Você me trouxe até aqui pra isso? Então fala de uma vez, com todas as letras, que não quer mais nada!

-Eu gosto muito de ti... E - ela foi interrompida.

-Eu nunca pedi que me amasse!

-Eu tenho a necessidade de procurar alguém que eu consiga amar de todo meu íntimo... Sinto muito, mas pra mim já deu o que tinha que dar!

-E tu fala isso assim? Esse foi teu plano? Terminarmos no mesmo lugar onde começamos?

-Tu sabe que aqui é onde eu me sinto melhor! Eu quero continuar sua amiga. Não suportaria me afastar de repente de você.

Ele saiu, entrou no carro e foi embora. Ela ficou ali, sozinha, triste. Mexeu no celular, provavelmente contando pra alguma amiga tudo o que aconteceu. Algumas lágrimas molharam o celular. Passados uns 15 minutos, perguntei se poderia sentar ao seu lado. Com o nariz e olhos vermelhos, um tímido sorriso disse que sim. Tirei do maço um cigarro e ofereci um a ela.

-Não, não. Parei faz 3 semanas. Se bem que eu tava...

Antes que ela mudasse de ideia e aceitasse meu cigarro, falei:

-Tu tem razão!

Joguei o maço numa lixeira que estava a uns 10 metros do banco onde estávamos. Acertei. Restou-me o cigarro entre os dedos. Ela completando a frase que eu havia interrompido, disse:

-Bem que eu tava precisando de uma tragada agora...

-Você deu a última tragada da sua vida há 3 semanas. E eu, há 15 minutos.

Coloquei o cigarro no chão e pisei, amassando bem toda esperança dos viciados. Fiquei pensando se fui grosso com a garota. Ela ainda limpava o nariz com a ponta da manga da blusa. Não tenho idéia quanto tempo analisei em silêncio aquela mulher. Projetei várias frases, todas mudas. Até que ela quebrou o silêncio.

-Se te der vontade de fumar, liga pra esse número aqui.

Ela tirou do bolso um papel de propaganda de dentista. Atrás dele, escreveu um número com a caneta que estava no meu bolso. Idiotamente, não consegui falar nada para ela. Nem tempo ela me deu pra falar. Entrou num carro prata. No volante, uma loira de rosto bem desenhado me olhou fixamente. Foram embora.

Caminhei até minha casa, que era ali perto. Passei o resto do domingo jogando Super Mário.

Meu despertador me acorda num susto. Hora de trabalhar. Tomei um pretinho. Morri de vontade de acender um cigarro pra acompanhar. Não o fiz. Também, nem tinha cigarro em casa pra acender.

No fim do dia, eu já estava louco por um cigarro. Não tinha nada pra fazer. Resolvi ligar para o número dos "Fumantes Anônimos" que a garota chorona me deu no domingo.

-Alô.

-É dos Fumantes Anônimos? - Pergunto eu.

-Pode ser. Quem fala?

- Meu nome é Ivan Soares. Gostaria de fazer parte do grupo de vocês.

-Tudo bem, Ivan. Qual o horário se enquadra melhor na tua agenda?

-Após as 7 da noite, tem este horário? E onde é o encontro?

-Sim. Às 7 e meia, terças e quintas. Na Rua dos Marajós, 3443, 3º andar, ap 13. Ah! E se possível, não leve cigarros.

-Okay! Estarei lá. Com quem eu falei?

-Com Mariana.

-Obrigado, Mariana! Boa noite.

-Muito boa, senhor!

Eu achei a voz familiar e as respostas da atendente um pouco estranhas.

No outro dia, no horário marcado, estava eu na Rua dos Marajós. Rua bem residencial. Prédio bem residencial. Andar bem residencial. O apartamento 13 era o último do corredor. Toquei a campanhia.
Para minha surpresa, a moça chorona de domingo é quem abre a porta, porém, sua aparência não é mais de menina frágil. Ela me olha dentro dos olhos por alguns eternos segundos, como que rastreando minha alma. Ainda tentando me localizar, pergunto se ela lembra de mim. No que ela responde:
-Como esquecer de um cara que nega cigarro aos desesperados? Você tem cara de que me negaria um copo de água no deserto...
-Não! Longe de mim esta atitude. Mas esse nosso vício é suicida. Você não acha?
-Tens razão, querido Ivan! Siga-me.
- Como sabe meu nome?

Andando atrás dela, vou para a cozinha, onde tem uma espécie de barzinho.

O apartamento era grande e moderno. Cada cômodo tinha suas particularidades. A sala tinha uma estante em formato de árvore, que servia para guardar livros e cd's. A cozinha era toda decorada em branco, vermelho e preto.

Ela me oferece uma bebida. Eu aceitei um suco.  Começamos a conversar. Ela abre o jogo e fala que não existe "Fumantes Anônimos" algum. Que apenas deu o próprio telefone dela aquela vez e que eu que pensei que fosse um lugar de apoio para fumantes.

- Eu aqui sozinha nesta casa grande, achei interessante aceitar a sua ideia. Somos um grupo de 2. O que você acha?

Eu achei maravilhoso. Uma mulher linda, simpática, um pouco pirada. Foi tudo o que eu pedi a Deus!
Conversamos muito.

 Ela me contou que havia terminado com uma relação de 3 anos e meio, que já tinha se tornado insustentável pois mesmo ela se esforçando para amar o cara, ela não conseguia e do jeito que estava não valia mais a pena continuar. O ex dela foi viajar o mundo na segunda-feira, para supostamente esquecer o fim do namoro. Com tanto papo até esqueci que tinha vontade de fumar. Esqueci que o tempo corria. Esqueci do suco e fui pra algo mais forte. Quando dei por mim, calei ela com um beijo e disse que precisava ir.

Voltei no ap. 13 na quinta-feira, as 7 e meia da noite, como o combinado no primeiro telefonema. Só que dessa vez quem me atendeu foi uma outra Mariana. Não foi a chorona de domingo. Não foi a sedutora da terça. Foi a Mariana sem planos. A mais bela de todas as faces daquela mulher doida.

Mariana moleca. Meias cano curto, shorts, camisetão branco e cabelo bagunçado. Só o olhar continuava o mesmo. Me convidou pra entrar.

-Você não me ligou. Pensei que nunca mais o veria.
-Nunca é uma palavra muito forte! E no mais, assumi um compromisso com uma tal de Mariana, por tempo indeterminado, todas as terças e quintas as 7 e meia, na Rua dos Marajós, 3443, 3º andar, ap 13. Ah! Também, conforme o pedido da senhorita, não trarei cigarros. Porém, trouxe este vinho aqui. O que acha?
-Sabe de uma coisa? Você é mais louco que eu! E eu adoro vinho!

Bom, neste dia conheci outra parte da casa. O quarto. Mas este cômodo pouco reparei.

Algum tempo depois, meu vício tinha assumido o nome de Mariana. Eu respirava pensando nela. Vida de analista de sistemas não é a melhor coisa do mundo, mas ultimamente as coisas estavam fluindo muito bem. Meus pulmões se inflavam de vida ao lado da minha Mariana.

Estava eu indo para a casa da Mari, quando percebo uma movimentação estranha. Muita gente na rua. Tinham até policiais. Parecia que tinha acontecido algo no condomínio. Tentei passar, mas a multidão era tremenda. Repórteres estavam no local. Ninguém podia entrar ou sair do prédio. Para ajudar, não levei meu óculos e de longe minha visão não é muito boa. Com muita dificuldade, consegui chegar a um policial e perguntei o que havia acontecido e que precisava ir no 3º andar.

-Uma moça morreu. Ninguém tem autorização para adentrar o local do crime. Se você é morador, pode falar com o Magalhães,- apontando para um outro policial - ele te dará instruções de como prosseguir.

Achei aquilo um absurdo. Realmente bem próximo dali, no chão, parecia uma pessoa coberta. Mas pouco me importava a pessoa. Mariana estava presa dentro de seu próprio condomínio. Liguei para ela. Parecia que já estava ouvindo o adorável toque irritante dela "Nossa, nossa! Assim você me mata!". Não era minha cabeça, eu realmente estava ouvindo. Fiquei feliz por ela estar aqui fora e perto de mim. Não sei qual foi minha reação quando eu percebi o ocorrido. Mariana e seu inseparável telefone é que estavam sob aquele lençol horrendo. No mesmo momento, policiais saem pelo portão com um homem algemado.

-Eu não fiz nada! Ela que se atirou! - dizia ele, visivelmente perturbado.

Na mesma hora reconheci o rosto do infame. Era o ex-namorado de Mariana.

Peguei um ônibus e fui para qualquer lugar longe da cena que meus olhos não acreditam ver. Na primeira esquina havia um bar. Depois de quase um ano longe do vício, comprei um Marlboro. Cherei o maço, abri e fumei.


sábado, 7 de janeiro de 2012

Sim, eu chorei!


Sabe? Hoje não! Simplesmente não sei mesmo!

Tô com uma raiva, um sentimento tão sentido, tão confuso...

Não sei se pulo do precipício ou se continuo procurando um emprego...

Se tento convencer os outros ou se me convenço que ficar pode ser a escolha certa...

Tô com tanta vontade de mudar, de rir, de sair da frente deste computador, só que na mesma hora me vem à cabeça que nada vai mudar, que tudo que eu possa fazer vai ser só pra quebrar a cara...

Queria aprender c#, java, mySql, Oracle... queria dormir até as 11... queria ficar na rua até as 4 da madruga... queria não me sentir culpada por estar sentindo isso... queria falar isso gritando... queria mostrar que isso não é "aborrecência", nem infantilidade e sim, um sentimento louco, impreciso e que pode arruinar (ou recriar) uma vida. Hoje está em discussão interna da minha mente, a minha vida... O que fazer? Por que fazer? Pra que fazer?

Não sou escritora, nem blogueira, nem engenheira, nem programadora, nem namorada, nem filha, nem legal, nem 4 olhos, nem cômica, nem companheira, nem feliz, nem depressiva, nem nada... Isso é o que pareço ser: nada!

Quer mudar, pois continuar assim não rola!

Inerte... Tortuoso... Monocromático... Cego... e um pouco cintilante... com muito ruído e muita pressa.

Ódio, vontade, coragem, lágrima...

Sim, eu chorei!