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quarta-feira, 6 de abril de 2016

Bicicleta Amadora




É tão particular o meu encontro quando é com você
O meu sorriso quando tem o teu pra acompanhar
As minhas histórias quando você pra escutar
A minha vida quando tenho alguém pra chamar
De vida

Por que andamos tão pouco de bicicleta?

Quando eu não tinha uma, lembro da vontade do de vir, do sobre as rodas, do romântico pedalar, do usufruir do mundo, pelo mundo, através dela. Uma imagem mítica e surreal sobre um objeto de ferro. Dada a chance de tê-la, como o beijo esperado em muitos primeiros de todos os meses de abril, meu sorriso emanava cristais enevoados de sentimentos violeta-translúcidos. Mas com o passar do tempo, temia ela - a bicicleta - que ficasse lá, linda, interessante e sozinha, na garagem empoeirada dos amores correspondidos.

Liberdade! - como diria William Wallace em Coração Valente. Para quantas pessoas mais essa mesma bicicleta poderia gerar sensações parecidas com a que tive quando criança? Por que privá-las - as pessoas e as bicicletas! - de se preencherem de liberdade por aí?

Assoprei a poeira que não tinha e lembrei dos meus motivos infantis do sonhar tê-la: é magnífico pedalar, perder-se, para por fim, encontrar-se.

Com um permitir sem restrições deixei o vento tocar meu rosto e senti um sopro de vida ao pé do ouvido... Pedale, Lola, pedale!


Música Singular de Anavitória

sábado, 2 de abril de 2016

Eu estava em paz quando você chegou

O que você está fazendo?
Milhões de vasos sem nenhuma flor
O que você está fazendo?
Um relicário imenso deste amor


quarta-feira, 23 de março de 2016

Sobre falsa simetria: Kairós!


       - Eu tenho idade para ser tua mãe! - Disse a professora para a jovem aluna, após ouvir o reclame sobre a falta de tempo.

       - Minha mãe teria idade para estar viva... - Retrucou em pensamento a jovem aluna.

terça-feira, 15 de março de 2016

Telentrega

É você que tem
Os olhos tão gigantes
E a boca tão gostosa
Eu não vou aguentar

Senta aqui do lado
E tira logo a roupa
E esquece o que não importa
Nem vamos conversar

Não tem medo, não
Eu sei, vai dar errado
A gente fica longe
E volta a namorar


       Esses dias lembrei de nós, do quanto somos esquecidos.

     O seu olhar de canto de olho. O meu sorrir de canto de boca. Do café grátis. Do almoço corrido (ou era café da tarde?). Das pesquisas de celular. Das cartas que enviamos para o Robinson Crusoé. Das cartas que enviávamos um ao outro. Dos contos policiais que planejávamos escrever. Daquela viagem para Curitiba. Ou da viagem para Recife. Ah, Recife! As coisas foram bem quentes por lá... Dos lençóis brancos. Dos elevadores apertados. Do quanto eu me sentia excitada em fazer qualquer coisa com você. Como você se sentia?... Das estrelas do mar. Do Mário Quintana. Do por-do-sol. Da sua clarividência. Da sua lábia engraçada, inquieta e sedutora. Dos lábios. Do frio com seus casacos. Dos cabelos e das barbas. Das câmeras de segurança. Dos medos. Dos filmes do Fellini. De acordar antes de você só para te ver dormir. Do não querer levantar da cama. Do não querer sair do quarto. De viver do nosso sexo (isso não deu certo!). Dos porres. Do único e último porre de vinho. Do contar as moedas. Do contar das passagens. Da cor do teu olho que muda. Das nossas mulheres. Do sal na salada. Da ausência de salada. Do Tang laranja. Do cheiro do nosso sexo. Do ala minuta às 4 da tarde. Das ladeiras. Dos vestidos. Da ausência. Da nudez.

       Vontade de tanta coisa tua. A rua. O trem. A música.

       Pra ser honesto, menti. Aquelas coisas que lembrei foram só minhas. Você estava comigo?


Olha bem, mulher
Eu vou te ser sincero
Eu tô com uma vontade danada 
de te entregar todos beijos que eu não te dei


Ler ao som de
Rubel, Quando bate aquela saudade

Programação



Venha, desce daí
Deixa eu te levar pra um café
Pra conversar, te ouvir e tentar te convencer

Que a vida é como mãe
Que faz o jantar e obriga os filhos a comer os vegetais
Pois sabe que faz bem

Moça, sai da sacada
Você é muito nova pra brincar de morrer
Me diz o que há, o que que a vida aprontou dessa vez

       Seu gosto pelo atropelar das coisas. A menina dos cabelos vermelhos não é mais a menina da mamãe, pois sua mãe morreu de câncer há alguns anos. Também não é a menina do papai, pois não acredita que aquele acoólatra pode ter sido um. Muito menos é uma menina, pois hoje ela sente que cresceu.

       Da sacada do seu apartamento enxerga a torre dos parafusos que perdeu e dos amores que encontrou. Ela toma uma xícara de café preto, recém passado, sem açúcar, para aumentar sua gastrite, e pensa sobre seu ex-cigarro matinal. Ah! Seu ex-cigarro e sua torre! Combinação perfeita para começar o dia. Ela largou do cigarro há 3 dias. Ela ganhou compania em sua cama há 3 dias. Era só para passar uma noite, mas já são 3 malditos dias dele lá. Ela se pergunta por que diabos mentiu que não fumava. Estava na hora de mandar ele embora, ou contar a verdade, ou as duas coisas!

       Nada fez. Quase três anos sem fumar.

       Era cômodo para ele. Belas pernas, sexo, a um ônibus de distância de todas as coisas que pudesse querer, gato na luz e na água, sem pagar aluguel. Até que apareceram novas belas pernas, sexo, a 10 minutos a pé de todas as coisas que pudesse querer, gato na luz e na água, sem pagar aluguel.

       A menina dos cabelos vermelhos volta com seu antigo vício. Da sacada vê seu ex-namorado com uma menina de cabelos dourados andando na rua, fumando. A torre dos parafusos está maior que nunca. Cansou de romances. Sobe no parapeito.

Moço, ninguém é de ferro.
Somos programados pra cair.

Ler ao som de Amianto (Supercombo)
Inspiração para a história