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terça-feira, 15 de março de 2016

Telentrega

É você que tem
Os olhos tão gigantes
E a boca tão gostosa
Eu não vou aguentar

Senta aqui do lado
E tira logo a roupa
E esquece o que não importa
Nem vamos conversar

Não tem medo, não
Eu sei, vai dar errado
A gente fica longe
E volta a namorar


       Esses dias lembrei de nós, do quanto somos esquecidos.

     O seu olhar de canto de olho. O meu sorrir de canto de boca. Do café grátis. Do almoço corrido (ou era café da tarde?). Das pesquisas de celular. Das cartas que enviamos para o Robinson Crusoé. Das cartas que enviávamos um ao outro. Dos contos policiais que planejávamos escrever. Daquela viagem para Curitiba. Ou da viagem para Recife. Ah, Recife! As coisas foram bem quentes por lá... Dos lençóis brancos. Dos elevadores apertados. Do quanto eu me sentia excitada em fazer qualquer coisa com você. Como você se sentia?... Das estrelas do mar. Do Mário Quintana. Do por-do-sol. Da sua clarividência. Da sua lábia engraçada, inquieta e sedutora. Dos lábios. Do frio com seus casacos. Dos cabelos e das barbas. Das câmeras de segurança. Dos medos. Dos filmes do Fellini. De acordar antes de você só para te ver dormir. Do não querer levantar da cama. Do não querer sair do quarto. De viver do nosso sexo (isso não deu certo!). Dos porres. Do único e último porre de vinho. Do contar as moedas. Do contar das passagens. Da cor do teu olho que muda. Das nossas mulheres. Do sal na salada. Da ausência de salada. Do Tang laranja. Do cheiro do nosso sexo. Do ala minuta às 4 da tarde. Das ladeiras. Dos vestidos. Da ausência. Da nudez.

       Vontade de tanta coisa tua. A rua. O trem. A música.

       Pra ser honesto, menti. Aquelas coisas que lembrei foram só minhas. Você estava comigo?


Olha bem, mulher
Eu vou te ser sincero
Eu tô com uma vontade danada 
de te entregar todos beijos que eu não te dei


Ler ao som de
Rubel, Quando bate aquela saudade

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