- O quanto mais podemos falar sem falar o que queremos?
- O quanto mais QUEREMOS falar sem falar o que PODEMOS?
Alberto Burnman é um homem febril, de saúde frágil e sonhos lúcidos.
Burnman, de pensamentos emaranhados, transversais e de algum modo, lineares.
Burnman, de dentes, línguas e palavras afiadas.
Burnman, de sonetos acordados, de acordes sem acordos, de cordas com nós feitos nos bolsos como fossem fones.
- Isso é relativo. O tempo, nosso vilão favorito, nos dá uma percepção passiva do passado. Diminui, esfria, apequena.
- É... tempo como forma de distância, espaço-tempo. Um afastar para um olhar, um procurar.
- Uma busca!
- Isso! Uma busca!
Sabe quando médicos fazem uma piada que só eles riem e todo mundo que está a volta fica olhando sem entender? Uma espécie de acordo silencioso e com alguma graça? Pois bem, uma sintonia de mesma espécie preencheu o ar e os olhares dos dois naquela mesinha simpática e apertada. Sorriram.
- Então, eu vou pedir um hidromel.
Ele ri:
- Te acompanho!
Ele olha para a moça que atendia no bar. A moça estava olhando, já a espera do pedido.
Burnman, feito de poeira intergaláctica, doces e cigarros.
Burnman, observador de adereços e seus donos em festas lotadas.
Burnman, a última bergamota viva da fruteira, implorando por ser roubada numa tarde de quarta-feira.
Burnman, de dupla identidade e simples assinatura de iniciais.
Autor, diretor, produtor e intérprete do pacato monólogo de fogo da sua vida.
- O que quer fazer agora?
- Acho que podemos ir a algum lugar que venda cerveja mas não pareça tanto que querem só nos vender cerveja. - Visivelmente a atenção excessiva da garçonete em perguntar se estava tudo certo incomodou.
- Conheço um bar, só não sei se está aberto hoje.
- Ótimo! Esse é perfeito!
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