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quarta-feira, 23 de março de 2011

Amigos, amigos, negócios, perigo!


Vinte e cinco anos, cursando o penúltimo semestre de engenharia mecânica, fui procurar um emprego. Com um pouco de sorte e alguns contatos, admito, consegui uma vaga de treinee numa grande empresa do ramo alimentício de Eldorado do Sul.

Logo de cara simpatizei com um colega e vimos a ser grandes amigos. Treinee como eu, ele dava várias dicas de como melhorar meu desempenho perante aos nossos superiores. Depois de uns três meses e algumas cervejas eu já sabia de quase toda vida dele e vice-versa.

Uma efetivação iria surgir e já estava mais que óbvio que a vaga seria dele. Até fomos tomar um uísque para comemorar a promoção. Na segunda-feira, ele não parava de olhar o telefone sobre sua mesa. Quando tocou, ele até esperou algumas chamadas para não transparecer seu desespero curioso. Era o chefe perguntando sobre umas novas máquinas que iriam ser compradas. Percebia-se à distância a decepção. Passou o resto do dia assim, esperando e decepcionando-se.



Terça-feira, oito horas e cinco minutos da manhã toca o meu telefone. Era o superior pedindo para eu ir até sua sala. Lá, ele fala do meu desempenho rápido comparado com os dos outros treinees que por ali já passaram. Ele falou muita coisa, em pouco prestei atenção, não saia da minha cabeça a alegria com que meu amigo bebia seu uísque da vitória naquele sábado à noite. Terminando a ladainha, o chefe diz exatamente com essas palavras “...por isso optamos pela sua efetivação.”. Dei um sorriso amarelo e agradeci apertando a mão do primo do tio do meu melhor amigo de infância.

O cara mandou eu recolher as coisas da minha antiga mesa, pois iria mostrar a nova, que ficava numa sala espaçosa com um ar-condicionado silencioso. O olhar do meu ex-melhor-amigo-de-trabalho era ácido.

Isso me levou a um conflito interno gigantesco. Desacreditei em mim, pois me formei, em grande parte, pelo apoio de alguns colegas. Consegui um emprego, em grande parte, por conhecer alguém que conhecia alguém que era influente na empresa. Fui efetivado, em grande parte, por ter conhecido um camarada que me mostrou diversos atalhos. Qual a minha parcela de mim na minha própria vida?

Nessa mesma época, abriu o edital para o concurso da Petrobrás. Inscrevi-me e nem contei para ninguém.

O meu amigo, digo ex-amigo, foi renovado como treinee. Eu tentava me aproximar dele, cheguei a convidar para uma festa que eu sabia que ele adoraria ir, mas ele se negou. Entendo-o. Foi como se eu houvesse puxado seu tapete.

Dias, semanas, meses. Até hoje não entendi direito o que aconteceu, nem como aconteceu, só sei quem fez acontecer. Um dinheiro da empresa foi parar nas minhas coisas. A empresa estava sendo roubada de pouquinho em pouquinho e todas as provas contábeis me apontavam. Alguns zeros subtraídos e eu demitido por justa causa. O desgraçado ficou tão enciumado com o meu sucesso, que convenceu um cara dos contábeis, meio afeminado, a me sacanear. Não sei o que ele deu em troca pro contador...

Meu ex-melhor-atual-pior-amigo assumiu meu cargo.

Minhas economias estavam no fim quando fui chamado pela Petrobrás. Pelo mínimo agora o mérito é meu e só.

Um comentário:

  1. muito bom o texto
    realmente é uma situação muito complicada
    ja disputei vaga com um colega de serviço e ganhei mas sabiamos q apenas um ficaria desd o inicio nos damos bem e nos divertimos enquanto trabalhavamos juntos foi uma disputa justa...

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